Polêmica: Ser escritor no Brasil é a “mais patética de todas as profissões”.

22 dezembro 2013

Olá pessoal, tudo bem?
Hoje trago um assunto bastante polêmico que está circulando entre o "mundo" literário no Brasil. Recentemente o jornal americano de grande sucesso The New York Times, apresentou uma reportagem escrito por Vanessa Bárbara, onde segundo a mesma ser escritor no Brasil é a "mais patética de todas as profissões", mostrando ainda que Paulo Coelho seria a única exceção no sentido literário no país.
Vários opiniões diferentes foram expostas em redes sociais, assim pedir para autores nacionais conhecidos para exporem suas opiniões sobre a reportagem: assim Eleonor Hertzog, Keila Gon, Marcos de Sousa , Tais Cortez; apresentarão aqui, confira:


Eleonor Hertzog: Livro Cisne -
  Livro Linhagens 
Minha opinião? Bem, quando li, fiquei pensando se valia a pena ter alguma opinião sobre uma afirmação como essa. Quer dizer, uma coisa assim vale o tempo dispendido em analisar e emitir opinião? Vale o fosfato cerebral gasto? Trata-se da opinião isolada de uma única pessoa, que teve tanta repercussão por sua – qual palavra usar? – infelicidade.
Ser escritor, no Brasil, não é ter uma profissão patética. É ser um guerreiro, um desbravador e, acima de tudo, ser alguém que tem esperança de um futuro muito melhor tanto para a profissão quanto para todos que se beneficiam dela: os futuros leitores que cada um de nós está se esforçando para cativar. Ler é uma das grandes formas de aprender a pensar. E é só aprendendo a pensar que podemos mudar a triste realidade de um país onde grande parte da população lê menos de cinco livros por ano. 
Escritores são patéticos? Nunca. São sonhadores esperançosos? Talvez. São gente que acredita num futuro melhor? Sempre! 
Quer viver de literatura no Brasil? Então seu nome deveria ser, por exemplo, Luís Fernando Veríssimo, Paulo Coelho ou Paula Pimenta, para citar os primeiros que me ocorrem. Todos nós, que estamos nos esforçando para entrar no difícil mercado editorial brasileiro, sabíamos no que estávamos nos metendo antes de começar. Talvez até pensássemos que ia ser um pouquinho mais fácil, mas ninguém acreditou que ia ser moleza. E nos tornamos escritores mesmo assim.
Keila Gon - Livro Cores de Outono
Ser escritor no Brasil é dividir sua paixão. Ser aceito e conquistar seu espaço é um trabalho árduo, e a recompensa, "a melhor recompensa" ( que ainda me faz continuar a escrever ) não é apenas dinheiro, mas principalmente, a resposta dos leitores. Claroooo... pode ter certeza, seria muito bom ver nosso trabalho valorizado e ser devidamente recompensado por ele. Mas, receber o retorno dos leitores, sentir seu entusiasmo com sua história, "isso" é o que alimenta a vontade de virar noites... economizar para mandar livros pelo correio... (risos)... Sim, não é fácil, mas os brasileiros são lutadores determinados em qualquer profissão, batalham por reconhecimento. E acredite, os escritores nacionais são um exemplo de coragem e persistência!
Graças à estes apaixonados o cenário está mudando, e com a ajuda dos Blogs Literários estamos conquistando leitores a cada dia. A "leitura" forma opiniões , apenas nossa persistência ao incentivar a leitura entre os jovens trará o resultado que tanto desejamos. Portanto, vamos incentivar o Brasil a conhecer a nova literatura nacional!





Marcos de Souza - Livro Coração de Vidro
Não sei quem essa tal de Vanessa Barbara é. Entretanto, com toda sinceridade, não me faz a mínima diferença. Mas, de acordo com a opinião dessa grandiosa especialista, eu sou duplamente patético, ou patético elevado ao quadrado, se preferir. Não bastando resignar-me a ser professor, resolvi ser escritor. E aí começaram os problemas, não é? "Só que não", como já diriam os meus queridos alunos adolescentes.
Primeiramente, vou defender-me como professor. Vejamos bem: quando eu escolhi uma cadeira na faculdade de letras, sabia que eu não teria um salário de juiz do supremo, nem de um deputado e muito menos de um jogador de futebol. Não estou dizendo que o salário do professor é justo, pois não é. Contudo, ao entrar na empreitada, eu já sabia das dificuldades. No Brasil, se é professor por vocação, por amor à educação e ao futuro do aluno e não por dinheiro. E, minha cara colega Barbara, se apenas 2% dos estudantes do ensino médio querem ser professores, talvez seja porque apenas essa pequena porcentagem tenha a vocação ou abra mão da parte financeira por ela. Ou será que você não pensou nessa possibilidade? Para tornar-se professor e escritor no Brasil é preciso coragem.
“Ser escritor no Brasil é patético”. Sinceramente, sua opinião que é patética, além de ser retrógrada. Pior que essa afirmação é a justificativa: “brasileiro não lê”. O brasileiro não lê e deve ser exatamente por isso que as editoras têm crescido vertiginosamente no Brasil, atraindo investidores estrangeiros. Deve também porque o brasileiro não lê que a L&PM vendeu mais de 30 milhões de livros desde 2002. Como todos sabem, o Brasil é um país onde a população tem uma condição social excelente e, por isso, compramos 30 milhões de livros para fazer fogueiras.
Ser escritor no Brasil é patético e, exatamente por isso, tantos novos talentos da literatura pipocam do Oiapoque ao Chuí todos os dias. Ser escritor no Brasil é tão patético que várias gigantes internacionais, como a editora espanhola Planeta, tem contratado escritores brasileiros, como a Carolina Estrella. É pela profissão de escritor no Brasil ser ridícula e o pelo brasileiro não ler que o Eduardo Spohr vendeu centenas de milhares de livros. É porque amar as letras no Brasil é ridículo que vários autores se arriscam em publicações independentes e alcançam o sucesso.
Querida Barbara, realmente já me perguntaram o que eu faço para viver, quando eu disse ser escritor. Entretanto, por diversas vezes eu já vi os olhos dos meus pequenos alunos brilhando quando eu disse que escrevi um livro. Eu ouvi frases como “Você escreveu um livro inteiro sozinho?”, “Quando eu crescer, eu quero escrever igual a você.”. É por ser patético elevado ao quadrado que eu ainda acredito que o Brasil tem futuro e que um bom livro é o remédio para a alma.
Na verdade, estou quase começando a achar que ser patético é um elogio. Se levarmos em consideração que moramos em um país onde os espertos roubam o povo e onde brigar em estádios por causa de futebol é normal, ser patético é a melhor das emoções.



Infelizmente, a reportagem do The New York Times retrata muito bem a realidade para o escritor brasileiro.
Como nova autora, tenho lidado com diversos obstáculos que vão desde a aceitação das editoras (a maioria cobra um valor para a parceria e em algumas mais conhecidas o valor chega a ser inacreditável), a aparição em livrarias, a divulgação e os próprios leitores.
No caso dos leitores, tenho notado cada vez mais aqueles que se dispõe a conhecer obras nacionais e isso é realmente importante para reverter o cenário em que predominam os autores estrangeiros.
Depois que publiquei meu livro passei a ouvir e conhecer autores brasileiros que nunca tinha ouvido falar antes, o que é triste. 
Não sei se esse cenário mudará a curto prazo, mas, como uma pessoa apaixonada por escrever, prefiro acreditar que sim.
Quanto ao pagamento irrisório dos professores, isso é ainda mais preocupante.
É vergonhoso que um país como o Brasil gaste milhões com artistas, atletas e jogadores de futebol quando são os professores que estão responsáveis pela formação dos nossos filhos e futuros líderes.
Como garantir novos professores em condições tão adversas a eles?
E, ainda, como se surpreender com a realidade dos escritores brasileiros quando os educadores evidenciam o descaso do nosso governo com a educação?

Então pessoal qual a sua opinião sobre esse assunto? Deixe seu comentário .
Agradeço aos autores que se disponibilizaram em nos ajudar com o assunto, já que eles é mais que ninguém conhecem o tema.



4 comentários:

  1. Ser escritor no Brasil é algo complicado. Não é nem um pouco valorizado e enriquecer com a literatura no país em que vivemos é quase impossível.

    http://www.rayneon.com.br/

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  2. Oi Thaynara! Gostei muito mesmo do post. Acho que todos que deram seu depoimento contra essa matéria ridícula estão certíssimos! Marcos de Souza disse tudo, fiquei encantada e de fato um pouco triste, por que a realidade é difícil mesmo. Mas como tão bem disse Eleonor, "Escritores são patéticos? Nunca. São sonhadores esperançosos? Talvez. São gente que acredita num futuro melhor? Sempre! "
    Um dia ainda entro nessa turma de escritores brasileiros!
    Abç

    wesaysomething.blogspot.com

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  3. Adorei o recado da querida Eleonor, do Marcos e da Taís... Espero que a polêmica instigue a curiosidade e que mais leitores descubram que não há nada patético na literatura nacional : )
    Obrigada pelo apoio e carinho Thaynara!!!
    BEIJOS
    Keila Gon

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  4. Eu acho que ser escritor no Brasil não deve ser fácil, mas ultimamente eu vejo muitos escritores publicando livros e divulgando (com sucesso) seu trabalho. Eu, particularmente, não sou FÃ de literatura nacional, mas dos poucos que livros que li, gostei bastante. Acho que essa moça foi muito infeliz em sem comentário, eu achei um absurdo.

    Beijos
    Débora - Clube das 6

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Beijos

 
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